sábado, 26 de novembro de 2016

A DEUSA HÉCATE



Deusa Lunar do conhecimento velado, das transições e das mudanças, com poder no Céu, na Terra, no Mar, e também no Hades; patrocinadora de riquezas, das honras, da vitória e das boas e rápidas viagens; protetora dos recém-nascidos, conselheira dos mortais, já que é a dona das estradas e das encruzilhadas duplas e triplas, e de todas as entradas (estes quatro pontos simbolizam o curso e as opções da vida humana); assistente de todos os decretos e de cada cerimônia de purificação.

De acordo com as diferentes versões mitológicas, a Deusa Hécate parece ter nascido:

1. Da Deusa Noite (Baquílides, fragmento 1Β, «Εκάτα δαϊδοφόρε, Νυκτός μεγαλοκόλπου θύγατερ» “Hécate, portadora do archote, filha da Noite de amplo seio”); 

2. Dos titãs Perses e Astéria (de acordo com: Teogonia, de Hesiodo, vv.409-411; Hino Homérico a Deméter; Pseudo-Apolodoro 1.8; Licofrão de Cálcis 1174; entre outros). Por isso é chamada Perseida, apesar de existir uma versão na qual se indica Zeus como seu pai; 

3. De Zeus e Astéria (nos informa Museu de Atenas, de acordo com o comentário de Apolônio de Rodes);

4. De Aristeu (Ferécides de Siro, de acordo com o comentário de Apolônio de Rodes);

5. Da deusa Deméter (comentário de Apolônio de Rodes 3.467);

6. Da deusa Leto (de acordo com Eurípides);

7. De Zeus e Feraia, filha de Éolo (que a abandonou em uma encruzilhada tripla, de acordo com o comentarista Teócrito), e por isso recebe o epíteto “Feraia”; 

8. De Zeus e Deméter – que inclusive ajudou a encontrar sua irmã Perséfone;

9. De Zeus e Hera;

10. Dos titãs Céos (ou Coio) e Febe, tendo como irmãs as deusas Leto e Astéria; 

11. Do Tártaro.

A soberania mitológica da deusa Perseida (Hécate) no Céu, na Terra e no Mar foi exercida desde a época dos titãs, muito antes da Titanomaquia, na qual o poder foi assumido pelos deuses vencedores. Zeus, na verdade, a honrou como sua própria filha por participar do conflito ao lado dos Deuses, e confirmou seus domínios pré-existentes. Ela, por sua vez, voltou a ajudar os deuses do Olimpo na Guerra contra os Gigantes (Gigantomaquia), na qual matou o Gigante Clício, batalhando ao lado de sua mãe, a Noite (Nykta). 

ETIMOLOGIA DO NOME

O nome da Deusa deriva do advérbio “ekas” «εκάς» que quer dizer longe, e do «εκάθεν» = remoto.  No dicionário Liddell & Scott, define-se como “Aquela que vai até o fim”, isto é, a que alcança os limites.

Uma etimologia possível do nome também é aquela que vem do «εκάτερος», que quer dizer cada um dos dois, não juntos, mas separados (que é o contrário de «αμφότεροι», que quer dizer ambos). Neste caso se destaca o duplo vínculo da Deusa com o mundo dos vivos e com o dos mortos.

O CARÁTER DA DEUSA

O grande número de nomes que derivam do nome de Hécate que encontramos na região de Cária, na Ásia Menor, (ex.: Hecateu – aquele que pertence à Hécate, Hekatomnus, etc.) nos mostra um caráter bem diferente e sem relação com os elementos obscuros que foram falsamente atribuídos à Deusa pelo ocultismo da Antiguidade Tardia.

Na região da Trácia, Ela foi honrada especificamente como o lado feminino do deus Hermes, protetor dos limiares, das portas das casas, da cidade e dos templos (os nomes Pileu e Propileu vêm da palavra Pyli = porta), das ruas e das encruzilhadas duplas e triplas (Hódios e Enódios também são outros nomes de Hermes), o qual, em alguns casos, se apresenta com três ou quatro cabeças (Três cabeças em referência à natureza ternária do logos filosófico; ou quatro cabeças em referência ao seu caráter polivalente – de acordo com Eustácio de Tessalônica, comentarista de Homero). 

Ela compartilhou da natureza de Hermes como condutor de almas (psychopompos), como também o poder dele nos quatro níveis (de acordo com Eustácio de Tessalônica, comentador de Homero: “Hermes Ctônio é Celestial, Μarítimo, Subterrestre e Condutor de Almas”).

Esta natureza hermética da Deusa foi adotada em várias regiões gregas, tendo absorvido, em muitas delas, características da deusa Ártemis ou da deusa Selene (como vemos em Ésquilo), ou ainda da deusa Nêmesis, com a qual tem, de fato, muitas semelhanças. Nos dois últimos casos, se adicionarmos o elemento supersticioso que havia nas regiões mais rústicas e as diferentes religiões que existiam no mundo helênico, a Deusa será associada à magia.

Em outros casos, a Deusa Hécate foi identificada com Deméter, Rhéa e Perséfone, e durante o período helenístico e romano de Creta foi identificada com Diktynna.  Depois do período clássico, a Deusa começou a ser representada como triforme, quer dizer, com três faces/rostos, acompanhando as representações do deus Hermes.  

Um culto sacrílego da Deusa é invocado durante a Antiguidade Tardia, vindo especialmente de feiticeiros orientais, necromantes e também de “teurgos” vulgares, como suposta divindade da magia e das artes necromânticas
(adivinhação por meio dos mortos/com invocação aos mortos), por causa do sincretismo com a deusa sumeriana Ereshkigal, que nós encontramos identificadas (Hécate-Ereshikgal) numa invocação em um papiro mágico do quarto século da nossa era.

No mesmo nível, mas com origem nas superstições populares e no folclore, vem a correlação Dela com o suposto fantasma “Empusa”, ou Lâmia ou Mormo («Έμπουσα» ή «Λάμια», ή «Μορμολύκειον»), ou também algumas referências ao seu nome em placas mágicas de imprecação. Não há, no entanto, nenhum registro acerca de personagens históricas que A adorassem como uma divindade obscura dos feiticeiros e das bruxas.

SANTUÁRIOS E OFERTAS

A origem de Seu culto é puramente helena e vem pelo menos de antes do século IX a.E.C., já que na Teogonia de Hesíodo (versos 416-420) nós podemos ler o seguinte: “ΚΑΙ ΓΑΡ ΝΥΝ, ΟΤΕ ΠΟΥ ΤΙΣ ΕΠΙΧΘΟΝΙΩΝ ΑΝΘΡΩΠΩΝ ΕΡΔΩΝ ΙΕΡΑ ΚΑΛΑ ΚΑΤΑ ΝΟΜΟΝ ΙΛΑΣΚΗΤΑΙ, ΚΙΚΛΗΣΚΕΙ ΕΚΑΤΗΝ. ΠΟΛΛΟΙ ΤΕ ΟΙ ΕΣΠΕΤΟ ΤΙΜΗ ΡΕΙΑ ΜΑΛ’, Ω ΠΡΟΦΡΩΝ ΓΕ ΘΕΑ ΥΠΟΔΕΞΕΤΑΙ ΕΥΧΑΣ ΚΑΙ ΤΕ ΟΙ ΟΛΒΟΝ ΟΠΑΖΕΙ, ΕΠΕΙ ΔΥΝΑΜΙΣ ΓΕ ΠΑΡΕΣΤΙΝ” (Hoje ainda, se algum homem sobre a terra com belos sacrifícios conforme os ritos propicia e invoca Hécate, muita honra o acompanha facilmente, a quem a Deusa propensa acolhe a prece; e torna-o opulento, porque ela tem força – tradução de J.A.A. Torrano em Teogonia: A Origem dos Deuses. Iluminuras, 2009.).   

Além disso, o autor William Berg “terminou” a questão da origem da Deusa em 1974, quando escreveu e apresentou o conhecido artigo “Hecate: Greek or Anatolian?” no periódico “Numen” (volume 21, fasc. 2, pp. 128-140).

Na Trácia, como dissemos anteriormente, simplesmente foram adicionados ao Seu culto alguns aspectos herméticos. O culto heleno a Hécate fortaleceu-se mais na região de Cária, absorvendo todos os cultos nativos relacionados a Ela, na época do rei Hecatomno (regência 391-377 – cujo nome se deriva do nome da Deusa e nos explica porque seu culto foi tão fortalecido), que foi sucedido pelo rei Mausolo (regência 377-351). Os mais importantes centros de adoração da deusa na região de Cária eram a pequena cidade de Lagina, da qual a deusa Hécate era padroeira e onde foi chamada “Salvadora, Máxima e Ilustríssima” e também na cidade vizinha de Lagina, Estratonicéia (que hoje é chamada de Eskihisar), que foi fundada pelo rei Antíoco I, o Salvador, na margem esquerda de um afluente do rio Meandros Marsias. O antigo nome de Estratonicéia era Idrias e, antes deste, Hecatésia (durante o reinado de Antonino Pio, os protetores da cidade eram a trindade Zeus Maior, Hécate Salvadora e Tyché [Sorte]).

A proeminente importância da Deusa na região da Cária durante os períodos helenístico e romano foi decisiva para levar muitas pessoas a crer que Seu culto tinha especificamente este local como berço. Houve também uma grande disseminação do culto de Hécate em diversos lugares da região da Frígia. O ponto de partida para todos eles, no entanto, são os períodos helenístico e romano.

Na ilha de Egina, esta Deusa tinha um templo muito importante. Pausânias o descreve em sua obra “Korinthiaka” da seguinte forma: “Hécate é a Deusa mais honrada entre os habitantes de Egina e uma vez por ano eles fazem uma cerimônia dedicada a ela, que, pelo que dizem, foi estabelecida por Orfeu, o trácio. Dentro do recinto existe um templo com o xoano [estátua de madeira dedicada a um Deus] que é obra de Miron, com um rosto e um corpo. Acho que Alcamenes foi o primeiro a esculpir três estátuas de Hécate unidas em uma, a qual os atenienses denominam Epipyrgidia [aquela que está entre as torres] e está instalada perto do templo de Athená Niké” (trecho 2.30.2).

Em Atenas, a Deusa tinha um templo no início do Caminho Sagrado [Iera Odos] e foi venerada em muitos cultos domésticos junto a Zeus, Héstia e Apolo. Neste culto doméstico, Hécate era provedora de prosperidade e boa sorte, sendo invocada sob o epíteto de Kallisti [A Melhor], e os habitantes faziam, uma vez por ano, uma grande festa com procissão e sacrifícios na região de Agra, em lembrança da vitória em Maratona. Se a nossa fonte não exagera, como observado por William Berg, existia na entrada da maioria das casas atenienses uma estátua da Deusa, que se chamava Hekataion ou Hekateion.
Nesta mesma época, outros importantes centros de culto da Deusa eram Esmirna, Halicarnasso, Heracléia do Latmos, Cnido, Trales, Argos (perto do Santuário dos Dióscuros, com uma estátua de mármore feita por Escopas e uma de bronze feita por Policleto), Bizâncio, Afrodísias (como Propylaia [protetora das entradas]), Rodes (também chamada de Propylaia, junto com Hermes Propylaios e Apolo Apotropaio [hediondo]), Cós, Epidauro, Andros, Titane de Sicião, Siracusa, Tasos (com estátuas e altares em três diferentes entradas da cidade), Selinunte (onde protegia a entrada do Santuário de Deméter Maloforos), Pireu, Cirene (onde Ela compartilhava seu templo com Hades e Perséfone) e, por fim, Samotrácia.

O objeto devocional mais antigo foi descoberto em Atenas e é uma pequena estatueta (eidolio) de terracota do século VI a.E.C., representando Hécate entronizada. Em muitas regiões havia o costume de oferecer, após a limpeza ritualística das casas, banquetes cerimoniais em honra à Deusa. Isto acontecia durante o período da noumênia (cerimônias feitas durante o primeiro dia da Lua Nova) em encruzilhadas de três vias (tríodes), com diversas comidas (como bolos de mel, ovos, peixes, etc.) os quais, naturalmente, eram consumidos pelos animais e pássaros noturnos (raramente, também, por pessoas atingidas pela pobreza, que esperavam por perto nestas ocasiões, o que era considerado um miasma [impuro]). Estas ofertas eram chamadas Hekataia ou Hekátea ou ainda Hekatísia, os Jantares de Hécate.

Um Templo da Deusa Hécate foi erguido no século V a.E.C. na entrada da cidade de Mileto, onde Ela era honrada por uma trupe musical especial e possuía dois altares (um do século VI, outro do século I a.E.C.) e seu culto estava associado ao do deus Apolo, em Dídimos, com uma procissão que começava em Mileto e terminava no santuário e oráculo dos Gêmeos. Nesta procissão havia dois objetos misteriosos, um dos quais consistia numa coroa que era lavada com vinho puro (sem adicionar água, coisa que se costumava fazer durante as festividades para que os presentes não ficassem bêbados) e depositada diante da estátua de Hécate, nas “portas da frente”, enquanto o outro objeto era encaminhado para o interior do templo de Apolo. O primeiro peã da procissão era dirigido à Deusa Hécate.

Os símbolos da Deusa são os dois archotes, o strophalos hecatino, a chave (que fecha as portas para os perigos e abre para as bênçãos) e o punhal. Seu animal sagrado
é o cão de guarda (como é também o da Protetora dos Partos, a deusa Ilithyia Genetyllida) e suas árvores sagradas são o carvalho, a aveleira, o álamo negro (cuja dupla cor das folhas simboliza o duplo vínculo da Deusa com o mundo dos vivos e com o dos mortos) e o cipreste.  As ofertas dedicadas a Ela são o mel, sua flor sagrada, a abrótea, e o acônito (wolfsbane). O animal que se sacrifica a ela (iereio) é o touro negro (que era sacrificado em Atenas a cada Ano Novo), a ovelha negra e o cachorro negro (em Trácia, Samotrácia, Beócia, Macedônia e Cólofon da Jônia). Eustácio de Tessalônica, sacerdote cristão, nos transmite a informação controlada – por causa da sua condição – de que eram sacrificadas a Ela mainides (μαινίδες. Em grego moderno: tseroulas [τσέρουλα], espécie de peixe comum nos mares gregos e em todo o Mediterrâneo, costumeiramente preparado como petisco. Lembra vagamente a nossa sardinha.) com propósitos apotropáicos. Ele diz: “ΔΙΑ ΤΟ ΔΟΚΕΙΝ ΤΗΝ ΕΚΑΤΗΝ ΜΑΝΙΩΝ ΑΙΤΙΑΝ ΕΙΝΑΙ” (“Por causa da crença de que Hécate é a causa dos frenesis.”).

Os epítetos e títulos pelos quais a deusa Hécate é invocada são: Angelos ou Angelia (mensageira), Apotropaia (aquela que afasta o mal), Dadoukhos (portadora das tochas), Einodia ou Enódia (das ruas/caminhos), Hegêmone, Thirobromos (aquela que é anunciada com rugidos e uivos das bestas), Kleidoukhos ou Kliidoukhos (A que traz as chaves), Kourotrophos (aquela que cuida das crianças), Krokopeplos (que usa peplo amarelo), Lampadiphóros (Portadora de Velas), Nocturia ou Nyktipolos (aquela que perambula durante a noite por vários lugares), Phýlax (Guardiã), Pylaia (que esta nas portas = pyles) e Prothyrea (como no hino de Proclus devotado à Hécate e Jano), Skylakitis (acompanhada por cães), e Skylakagetis (que lidera os cães), Soteira (Salvadora), Tauropolos (que domestica os touros), Triaukhenos e Trikefalos (que tem três pescoços e três cabeças), Trioditis (que protege as três vias/encruzilhadas), Iixikhthon (que rasga a terra), Philérimos (que gosta da solidão) e Ouresiphoitis (Solitária. Como caminham solitários os espiritualmente rústicos em meio à multidão), Phosphoria (A que traz a luz; A que tem nas mãos a aurora boreal), Khthonia (Subterrânea), e muitos outros. 

O Hino Órfico dedicado a Ela nos diz:

“ΕΙΝΟΔΙΑΝ ΕΚΑΤΗΝ ΚΛΗΪΖΩ, ΤΡΙΟΔΙΤΙΝ, ΕΡΑΝΝΗΝ, ΟΥΡΑΝΙΑΝ, ΧΘΟΝΙΑΝ ΤΕ ΚΑΙ ΕΙΝΑΛΙΑΝ, ΚΡΟΚΟΠΕΠΛΟΝ, ΤΥΜΒΙΔΙΑΝ, ΨΥΧΑΙΣ ΝΕΚΥΩΝ ΜΕΤΑ ΒΑΚΧΕΥΟΥΣΑΝ, ΠΕΡΣΕΙΑΝ, ΦΙΛΕΡΗΜΟΝ, ΑΓΑΛΛΟΜΕΝΗ ΕΛΑΦΟΙΣΙ, ΝΥΚΤΕΡΙΑΝ, ΣΚΥΛΑΚΙΤΙΝ, ΑΜΑΙΜΑΚΕΤΟΝ ΒΑΣΙΛΕΙΑΝ, ΘΗΡΟΒΡΟΜΟΝ, ΑΖΩΣΤΟΝ, ΑΠΡΟΣΜΑΧΟΝ ΕΙΔΟΣ ΕΧΟΥΣΑΝ, ΤΑΥΡΟΠΟΛΟΝ, ΠΑΝΤΟΣ ΚΟΣΜΟΥ ΚΛΗΪΔΟΥΧΟΝ ΑΝΑΣΣΑΝ, ΗΓΕΜΟΝΗΝ, ΝΥΜΦΗΝ, ΚΟΥΡΟΤΡΟΦΟΝ, ΟΥΡΕΣΙΦΟΙΤΙΝ, ΛΙΣΣΟΜΕΝΟΣ ΚΟΥΡΗΝ ΤΕΛΕΤΑΙΣ ΟΣΙΑΙΣΙ ΠΑΡΕΙΝΑΙ ΒΟΥΚΟΛΩι ΕΥΜΕΝΕΟΥΣΑΝ ΑΕΙ ΚΕΧΑΡΗΟΤΙ ΘΥΜΩι”.

(“Enódia Hécate celebro, Trívia [Trioditis], amável, celeste, terrestre e marinha, do cróceo véu [Krokopeplos], tumular, celebrando baqueus entre almas de mortos, filha de Perses [Perséia], amiga do ermo [Philérimos], que se ufana com cervos, noturnal [Nocturia], protetora dos cães [Skylakitis], rainha inflexível, do frêmito feral [Thirobromos], sem armas, de forma incombatível, pastora de touros [Tauropolos], soberana detentora das chaves de todo o cosmo [Kleidoukhos]], Hegêmone, ninfa, nutriz de jovens [Kourotrophos], andarilha das montanhas [Ouresiphoitis]. Suplico, donzela, que compareças aos consagrados ritos, benfazeja ao boiadeiro e sempre com um grato coração.” – Tradução de Rafael Brunhara, disponível em: http://primeiros-escritos.blogspot.com.br/2012/10/hino-orfico-1-hecate.html.)

A HÉCATE DOS ROMANOS


A equivalente romana de Hécate é a Deusa Trívia, (ou seja, das três vias, Trioditis).  Como Seu culto foi absorvido pelos romanos já na Antiguidade Tardia, Ela também foi objeto de superstições (quer dizer, de uma equivocada percepção obscura dos Deuses), que advém da percepção popular/folclórica ou de feiticeiros e “teúrgos” vulgares. Além disso, a imagem repulsiva Dela, como um monstro que provoca terror, não é mais que uma criação da literatura romana tardia. Em contraste, a Deusa foi venerada pela aristocracia de Roma com grande piedade até o século IV E.C., havendo sacerdotes que adotaram Seu nome heleno, assim como o nome do deus Dioniso (CIL[1] XI 671, CIL VI 500, 504, 507, 510, 1675 e 31940). 

Vlassis G. Rassias, Março de 2015.

Traduzido para o português por: Emilia Arsinoe.
Revisado por: Mikka Capella e Jota Oliveira.
Originalmente publicado em: http://rassias.gr/1087HECATE.html



[1] Corpus Inscriptionum Latinarum.




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